sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Mesmo com as novas tecnologias e a digitalização, o fotógrafo Miro preserva a sensibilidade, a tradição e o glamour em seus trabalhos.


         Foi em 1973, na época das máquinas analógicas que Valdomiro Augusto da Silva, empregando a “máquina caixão”, a mesma operada pelos fotógrafos de rua, os “lambe-lambes”, começou a trabalhar. Aos 14 anos ele era auxiliar no antigo Foto Itamaraty da Praça Getúlio Vargas, indo labutar no Foto Moderno por dez anos e depois no Foto Célula em Londrina, onde aprendeu a revelar fotos coloridas. “Quando o colorido chegou ninguém a fazia em Cambé. Dediquei-me a nova técnica, tornei-me pioneiro e matéria do Cambé Notícias, jornal que guardo até hoje. A fotografia é o exemplo da modernização da sociedade, onde a sensibilidade do fotografo é a mesma”, diz.                              

Há 42 anos no ramo, Valdomiro Augusto da Silva ou Miro, preserva a memória e tradição do município ao fotografar pessoas e lugares. Tamanho é seu gosto pela da história, que possui três ambientes repletos de antiguidades que facilmente virariam um antiquário ou museu. Reconhecidamente um dos fotógrafos mais antigos da Cambé, ele afirma que diversos profissionais saíram da atividade porque não se adaptaram a modernidade. “Uso tecnologia de ponta na edição de foto e vídeo, mas ainda sou tradicional. 90% de quem usava a tecnologia analógica e não se adaptou ao digital fechou as portas. A modernização exige custos e qualificação com palestras, cursos e workshops. O digital difere do analógico, pois cada ambiente requer ajuste da máquina. Muitos não tiveram paciência ou condições financeiras para atualizar o material devido o alto custo”, afirma.                                                                                       
A tradição do Miro é vista ao ser contratado para registrar casamentos, algo que representa “sonhos” e o chamado “momento único”, de filhos e netos de pessoas que fotografou no passado, além de batizados e aniversários. Com um amplo estúdio, ele faz eventos, foto publicidade, ensaio de gestantes, bebês, 15 anos, 3x4, reprodução e restauração.                                              

Quanto às antiguidades, Miro junta itens desde a infância e coleciona carros, 22 bicicletas (algumas são de 1952 e há uma Monareta dos anos 70 que usa regulamente junto com a Barra Circular), gibis, revistas, LP´s, TV Philips e valvuladas, rádios dos anos 50 aos 90, moedor e torrador de café, lampião, lanterna de navio, ferro de passar roupa a brasa, máquina registradora, dinheiro, porta retrato, telefone dos anos 40, garrafas, batedeiras, moedas do Império e da República, baús de caixeiros viajantes com mais de cem anos, canecas, latas dos anos 50, placas de veículos, vitrolas, geladeiras, relógios e demais objetos. “Preservar a memória é importante. Freqüento Encontros de Carros Antigos e observo que os jovens estão gostando de relíquias”, pontua. 

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