Youssef
El Kadri guarda memórias de quando chegou ao Brasil em 30/11/56, vindo do Líbano.
Nascido em 15 de novembro de
1943, Youssef
El Kadri iniciou-se no ramo funerário em Ibiporã em meados de 1971,
vindo posteriormente trabalhar em Jataizinho. Tamanha é sua ligação
com o Líbano, que com frequência viaja para lá, além de ter três
filhos que moram na região. “O Líbano é um país hospitaleiro,
mas tem problemas devido questões geográficas”, afirma.
Ressaltando que o Brasil é um excelente lugar para morar e
trabalhar, ele recorda que no início teve dificuldade quanto à
língua portuguesa, apesar se muitas palavras do idioma local ter
influência da língua árabe.
Casado
em 1968 com Munifa Jamal e pai de cinco filhos: Nasser Hassen El
Kadri, Najib El Kadri, Jamal El Kadri, Youssef El Kadri e Nádia
Mujab El Kadri, ao chegar no Brasil, a primeira atividade exercida
foi de engraxate, conciliando o trabalho com os estudos nos colégios
Olavo Bilac e Francisco Beltrão. Posteriormente se formou em
Contabilidade e depois iniciou o curso de Direito, ambos na
Universidade Estadual de Londrina.
Com
saudosismo, Youssef cita que além da graduação e do trabalho de
engraxate, também foi ambulante e mascate, onde viajou por diversas
cidades da região oferecendo roupas e armarinho de casa em casa. Com
o sucesso comercial, sua família constituiu duas lojas em Ibiporã,
entre 1959 e 1974, porém um incêndio as destruiu, junto com o
estoque. E, como já trabalhava no ramo funerário, investiu na
atividade e expandiu. Nesta época o ex-prefeito Evilásio Rangel
Cordeiro, o convidou para prestar o serviço na cidade. “Montamos a
primeira funerário em Ibiporã em 1971 e após dez anos em
Jataizinho, onde colaborávamos com a prefeitura, administrando o
cemitério Frei Timóteo”, afirma.
Com um
trabalho de qualidade, Youssef El Kadri diz que em 1998 o cemitério
saturou, pois era preciso colocar de dois a três corpos na mesma
sepultura, por falta de espaço. Com a situação precária, foi
convidado pela Câmara Municipal, no intuito de dar sugestões, já
que é impossível construir outro cemitério em Jataizinho devido
questões ambientais, pois a cidade é cercada de rios e se deve
preservar solo e lençóis freáticos. Outro ponto, segundo Youssef,
é que a construção de um novo cemitério tem custo elevado, como
preparo de subsolo, terraplanagem do terreno e depósito de lixo.
“Fundado em 1935, o Cemitério Frei Timóteo é o menos poluente da
região, pois é calçado e asfaltado, não ocorrendo invasão de
águas nos rios. Toda água que sai dele, sai limpa. Sugerimos a
construção de ossário público às famílias que não tem
condições para sepultamentos, banheiros, capelas para velórios e
arborização. Por fotos antigas, vemos que houve transformações”,
pontua.
Segundo
Youssef, a prefeitura viu necessidade de terceirizar serviço e no
contrato havia a obrigação de padronizar o local, obrigando a
regularização dos túmulos abandonados, mal localizados ou que
infringe a estética ou segurança do cemitério. “A lei foi
criada pelo ex-prefeito Wilson Chamilete e em 44 anos de vigência é
a mais perfeita sobre as necessidades dos cemitérios. Nela, há
determinações sobre responsabilidade, padronização, construção
e alinhamento, além de caber a prefeitura receber taxas e tributos”,
ressalta. Ele cita que ao assumir a responsabilidade, fez a planta,
organizou e levantou os túmulos existentes. “Tenho catalogado
quase todos os sepultamentos, porém os mais antigos não estão
registrados. Há mais de 7428 sepultamentos ordenados desde 1964. No
passado, as pessoas faleciam e eram sepultadas em locais diferentes,
como propriedades rurais. O Frei Timóteo, por exemplo, foi enterrado
num sitio e em 1935 trouxeram seus restos mortais para cá”,
afirma. Ele destaca que foi protocolado junto à prefeitura um
projeto afim de ampliação, devido ser mais fácil ampliar do que
construir um novo. “Se não houvesse o Cemitério Frei Timóteo,
não seria possível, hoje, construí-lo no mesmo local”, finaliza.
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