Originalmente
projetado para ser uma granja, bairro transformou-se em loteamento e mantém a
arquitetura dos anos 40.
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Foto de Londrina |
A Vila Casoni é um
dos bairros mais antigos de Londrina, onde os mais velhos foram deixando seus
lugares aos mais novos e aos que estão chegando. Ela foi objeto de pesquisa de
antropólogos, que analisaram e detalharam a vida social do bairro e mostraram
as dificuldades enfrentadas pelos pioneiros. Os antropólogos desvendaram um
cotidiano que representa a história do bairro e dos segmentos sociais,
mostrando gente simples e conservadora.
A pequena vila, que
antes de se tornar bairro era uma imensa chácara de fruticultura, foi plantada
numa clareira aberta pelos colonos e desempenhou o papel de núcleo de um
projeto de ocupação responsável pelo povoamento de um território de 500.000
alqueires, hoje conhecido por Londrina.
A Casoni aos poucos
foi cedendo lugar aos primeiros contornos urbanos, nas décadas de 40 e 50,
dados pelos pioneiros paulistas, mineiros e nordestinos que traziam as tradições
italianas, portuguesas, espanholas, orientais e eslavas, como o exemplo da
família Ruiz. A matriarca Carolina Ruiz, de 70 anos, lembra que seu avô, João
Ruiz, chegou a Londrina nos meados da década de 40, vindo de Joaquim Távora.
Ele comprou partes das terras que hoje é o Jardim Ouro Verde, a fim de cultivar
café.
Moradora da Rua
Tupiniquins, ela lembra que as dificuldades do norte pioneiro eram imensas e a
falta de trabalho obrigou a migração. “Meu avô tinha dez filhos e com a venda
das terras, no atual Ouro Verde, comprou uma casa para cada um”, diz.
Saudosista, Carolina diz que as profissões, eram as mais variadas possíveis
como as de serralheiro, devido à abundância de madeira, carroceiro, leiteiro e
que as plantações de café, predominantes na época, geravam muitos empregos e
riqueza para Londrina.
Com tristeza ela
lembra que muito mudou nestes 60 anos, como as ruas de terra e as casas de
madeira, que ainda persistem, conservando os ares coloniais da década de 30,
quando a matéria prima era barata e abundante. Porém, algo é evidente: o
crescimento da Casoni estagnou-se e a violência aumentou. “Em outros pontos de
Londrina, como na Vila Brasil, os bairros cresceram e a vila (Casoni) acabou
esquecida. Aqui não tem correio, lotérica ou bancos, demonstrando a falta de
segurança. Até as tradicionais festas na igreja e as quermesses, não existem
mais”, lamenta a pioneira.
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As casas de madeira ainda fazer parte do cotidiano da Vila Casoni. |
As casas de
madeira, que abrigam até quatro gerações, tornaram-se comércios familiares das
mais variadas especialidades, como tinturarias, bares, mercearias, ferro velhos
e bazares, como o de Cristina Moraes, de 42 anos e que guarda os traços
eslavos. Nascida e criada na Casoni, ela viu poucas mudanças e percebe que o
bairro mantém aspectos de cidades pequenas do norte paranaense, marcados pela
arquitetura dos anos 30 e 40.
Ex-aluna do Colégio
Estadual Dr. Willie Davids, fundado em 1º de agosto de 1947 com o nome de
“Grupo Escolar da Vila Casoni”, num prédio de madeira, construído pela
Prefeitura de Londrina, com quatro salas de aula, num terreno doado por Jorge
Casoni, que até hoje permanece na rua Guaranis, Cristina guarda boas memórias
do bairro. Mas, como Carolina, acredita que deve haver maiores investimentos
num dos bairros que a porta de entrada do município. “A Casoni é um cartão
postal de Londrina, onde tem a Rodoviária e o Estádio Vitorino Gonçalves Dias,
o VGD”.