quarta-feira, 8 de junho de 2011

O consciente

A consciência é uma qualidade da mente, que abranger qualificações como subjetividade, autoconsciência, sapiência e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, psicologia, neurologia, e ciência cognitiva. Alguns filósofos dividem consciência em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita e; consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência. Na psicanálise, consciência é uma qualidade psíquica que pertence à esfera da psique humana. Diz-se também que é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte.

Função mental de perscrutar o mundo, a consciência é considerada a faculdade de segundo momento, onde ninguém pode ter consciência de alguma coisa (objeto, processo ou situação) no primeiro contato com essa coisa. No máximo, se pode referenciá-la com algum registro próximo, o que permite afirmar que a coisa é parecida com essa ou com aquela outra coisa, de domínio, sendo ela, provavelmente, a estrutura mais complexa que se pode imaginar atualmente.

Na obra “A mente humana”, a consciência é instanciada, tecnicamente, em sete camadas: do nível zero, factual (onde as coisas acontecem), até uma atividade ômega, dois pontos acima do nível que experimentamos hoje (consciência padrão); aquele estado conhecedor que conhece, e que seria alcançado apenas pelo ser humano.

António Damásio, em O Mistério da consciência”, divide a consciência em dois tipos: consciência central e consciência ampliada. Inspirados na tese damasiana, entende-se que a faculdade em pauta é constituída com uma espécie de anatomia, que pode ser dividida, didaticamente, em três partes:

Dimensão fonte: onde as coisas acontecem de fato, o aqui agora;

Dimensão processual: amplitude de sistema que abriga expectativas, perspectivas, planos e qualquer registros mental em aberto;

Dimensão ampla: região de sistema que, sem ser um dispositivo de memória, alberga os conhecimentos e experiências que uma pessoa incorpora na existência.

Além da anatomia de constituição, listada acima, a consciência humana também guarda alguns estados:

Condições de consciência (vigília normal, vigília alterada e sono com sonhos), modos de consciência (passivo, ativo e ausente) e focos de consciência (central, periférico e distante).

Há outras definições de consciência, que remetem ao sentido moral, habilidades, capacidade, intuição ou julgamento do intelecto que distingue o certo do errado. Juízos morais desse tipo podem refletir valores ou normas sociais (princípios e regras). Entretanto, é valido afirmar que uma vez recusada a identificação do psiquismo com o consciente, restava a Freud investigar em que condições precisas o psiquismo vem a adquirir essa propriedade de ser consciente. A questão podia ser formulada então em dois terrenos. Seja um terreno reflexivo, numa determinação conceitual mais ou menos tributária da tradição; seja a partir do saber acumulado pela psicanálise. O primeiro desses pontos de vista é demonstrado na época da correspondência com Fliess, quando Freud recorre a Lipps. De fato, no tempo do “Projeto para uma psicologia científica”, Freud se distanciará de Lipps na medida em que falará de deslocamentos de energia psíquica ao longo de certas vias associativas e da persistência de traços quase indeléveis.

Considerando o consciente, pré-consciente e inconsciente, cuja significação não é mais puramente descritiva, vamos admitir que o pré-consciente esteja mais próximo do consciente que o inconsciente e, o latente ao pré-consciente. Do primeiro ponto de vista, “a consciência constitui a camada superficial do aparelho psíquico”. Em outras palavras, escreve Freud em “O eu e o isso”:

“Vemos na consciência uma função que atribuímos a um sistema que, do ponto de vista espacial, é o mais próximo do mundo externo. Essa proximidade espacial deve ser entendida não apenas no sentido funcional, mas também no sentido anatômico. Assim também nossas pesquisas devem, por sua vez, tomar como ponto de partida essas superfícies que correspondem às percepções”. A própria análise do “tornar-se consciente” tira partido dessa referência à percepção: “Eu já havia formulado em outro lugar a opinião de que a diferença real entre uma representação inconsciente e uma representação pré-consciente (idéia) consistiria em que a primeira se refere a materiais que permanecem desconhecidos, ao passo que a última (a pré-consciente) estaria associada a uma representação verbal. Esta será a primeira tentativa de caracterizar o inconsciente e o pré-consciente sem recorrer às suas relações com a consciência”.

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