Mesmo a parte mais moderna da China ainda é hostil ao turista individual, por causa da barreira do idioma. Embora se estime que existam mais de 250 milhões de chineses estudando inglês, bilíngues ainda são raros nas ruas. A melhor opção, portanto, é mesmo comprar um pacote turístico, com ônibus na porta e guia - sim, é seguir um guarda-chuva.
A guia, com certeza, é uma funcionária do governo. Eva é o nome que ela, filha de um membro do Partido Comunista Chinês, adotou para facilitar o contato com os turistas ocidentais. Jovem e vaidosa, ela se confessa feliz porque a família ganhou um apartamento do governo em retribuição por 30 anos de serviços prestados pelo pai ao partido.
Antes de começar a descrever Pequim, Eva faz uma introdução sobre os 60 anos da República Popular da China, comemorados com grande festa em 1 de outubro. E ensaia uma autocrítica. Diz que a Revolução Cultural, nos anos 60 e 70, foi um período pouco democrático da Revolução liderada por Mao Tse-Tung. Mas a ressalva vem em seguida, no tom reverencial em que a maioria dos chineses trata o "grande timoneiro". A importância de Mao, para Eva, foi na unificação da China, porque ele pôs fim a 100 anos de guerras civis no país. Os elogios rasgados são mesmo ao período de abertura da China, com Deng Xiaoping, a partir dos anos 80. E o massacre da Praça da Paz Celestial? "Ah!, foi um episódio neutro, nem ruim nem bom", diz a guia.
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