A China, comprova o turista, é um país sempre em obras e os chineses adoram ter algum pretexto para fazer mais obras e gastar parte de suas reservas trilionárias. Até 2008, o motivo principal foi a Olimpíada de Pequim. Agora, em Xangai, é a Expo 2010. Há prédios sendo levantados por todos os lados, embora já tenham sido construídos 3.500 edifícios com mais de 20 andares desde o início dos anos 90. Às margens do Rio Huangpu, todas as instalações portuárias estão sendo remodeladas. À noite, um passeio de barco pelo rio expõe uma majestosa fileira de arranha-céus iluminados e coloridos: é o Pudong, o principal centro financeiro-comercial chinês, um cenário de Blade Runner misturado com Las Vegas. Lá está o Shanghai World Financial Center, um dos maiores edifícios do mundo, com 101 andares e 493 metros de altura, desenhado por Kohn Pedersen Fox no formato de um abridor de garrafas e concluído em 2007. Lá está também a Oriental Pearl Tower, a conhecida "Torre de Televisão", uma construção de aspecto espacial com um restaurante giratório a 265 m de altura e que atrai 3 milhões de turistas por ano. E ainda o Maglev, o trem que levita a 430 km por hora.
Na Xangai pré-Expo 2010, as obras não param, 24 horas por dia, sete dias por semana. E esse é o ritmo de trabalho na construção civil em toda a China. O turista mexicano Geraldo Fuentes hospedou-se no Ásia International Hotel, em Guangzhou (Cantão), a maior cidade do país, com 32 milhões de habitantes. Numa suíte no 39 andar, esperava tranquilidade. Mas deparou-se com as marteladas da construção de outro arranha-céu em sua janela na madrugada.
Como que a desafiar a crise global, até cidades menores entram no frenesi das obras. Na estância turística de Guilin - pequena para os padrões chineses, porque tem 700 mil habitantes -, na região noroeste da China, não há um quarteirão sem restaurações nas ruas e calçadas. No aeroporto, em centenas de cartazes e painéis espalhados por toda a parte, o jogador Kaká vende pastilhas Golden para a garganta, produto de uma fábrica local.
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