sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Perda Auditiva Induzida por Ruído

O termo ruído é usado para descrever sons indesejáveis ou desagradáveis. Quando o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85 decibéis dB por oito horas por dia, ocorrem alterações estruturais na orelha interna, que determinam a ocorrência da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). A Pair é o agravo mais freqüente à saúde dos trabalhadores, estando presente em diversos ramos de atividade, principalmente siderurgia, metalurgia, gráfica, têxteis, papel e papelão, vidraria, entre outros.

Sintomas - perda auditiva;- dificuldade de compreensão de fala;- zumbido;- intolerância a sons intensos; o trabalhador portador de Pair também apresenta queixas, como cefaléia, tontura, irritabilidade e problemas digestivos, entre outros.

Quando a exposição ao ruído é de forma súbita e muito intensa, pode ocorrer o trauma acústico, lesando, temporária ou definitivamente, diversas estruturas do ouvido. Outro tipo de alteração auditiva provocado pela exposição ao ruído intenso é a mudança transitória de limiar, que se caracteriza por uma diminuição da acuidade auditiva que pode retornar ao normal, após um período de afastamento do ruído.

A Norma Regulamentadora nº 15 (NR-15), da Portaria do Ministério do Trabalho nº 3.214/1978 estabelece os limites de exposição a ruído contínuo, conforme a tabela a seguir:

Limites de Tolerância para ruído contínuo ou intermitente:

Nível de ruído (dB)

Máxima exposição diária permissível

85

8 horas

86

7 horas

87

6 horas

88

5 horas

89

4 horas e 30 minutos

90

4 horas

91

3 horas e 30 minutos

92

3 horas

93

2 horas e 30 minutos

94

2 horas

95

1 hora e 45 minutos

98

1 hora e 30 minutos

100

1 hora

102

45 minutos

104

35 minutos

105

30 minutos

106

25 minutos

108

20 minutos

110

15 minutos

112

10 minutos

114

8 minutos

115

7 minutos

Consequências- em relação à percepção ambiental: dificuldades para ouvir sons de alarme, sons domésticos, dificuldade para compreender a fala em grandes salas (igrejas, festas), necessidade de alto volume de televisão e rádio; problemas de comunicação: em grupos, lugares ruidosos, carro, ônibus, telefone.

Esses fatores podem provocar os seguintes efeitos: esforço e fadiga: atenção e concentração excessiva durante a realização de tarefas que impliquem a discriminação auditiva;- ansiedade: irritação e aborrecimentos causados pelo zumbido, intolerância a lugares ruidosos e a interações sociais, aborrecimento pela consciência da deterioração da audição;- dificuldades nas relações familiares: confusões pelas dificuldades de comunicação, irritabilidade pela incompreensão familiar;- isolamento; auto-imagem negativa: vê-se como surdo, velho ou incapaz.

Prevenção: Sendo o ruído um risco presente nos ambientes de trabalho, as ações de prevenção devem priorizar esse ambiente. Como descrito anteriormente, existem limites de exposição preconizados pela legislação, bem como orientações sobre programas de prevenção e controle de riscos, os quais devem ser seguidos pelas empresas. Em relação ao risco ruído, existe um programa específico para seu gerenciamento:

- designação de responsabilidade: momento de atribuição de responsabilidades para cada membro da equipe envolvido;- avaliação, gerenciamento e controle dos riscos: etapa na qual, a partir do conhecimento da situação de risco, são estabelecidas as metas a serem atingidas;- gerenciamento audiométrico: estabelece os procedimentos de avaliação audiológica e seguimento do trabalhador exposto a ruído;- proteção auditiva: análise para escolha do tipo mais adequado de proteção auditiva individual para o trabalhador;- treinamento e programas educacionais: desenvolvimento de estratégias educacionais e divulgação dos resultados de cada etapa do programa; - auditoria do programa de controle: garante a contínua avaliação da eficácia das medidas adotadas.

Tratamento e reabilitação: Não existe até o momento tratamento para Pair. O fundamental, além da notificação que dará início ao processo de vigilância em saúde, é o acompanhamento da progressão da perda auditiva por meio de avaliações audiológicas periódicas. Essas avaliações podem ser realizadas em serviço conveniado da empresa onde o trabalhador trabalha ou na rede pública de saúde, na atenção secundária ou terciária, que dispuser do serviço. A reabilitação pode ser feita por meio de ações terapêuticas individuais e em grupo, a partir da análise cuidadosa da avaliação audiológica do trabalhador. Esse serviço poderá ser realizado na atenção secundária ou terciária, desde que exista o profissional capacitado, o fonoaudiólogo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

125 é criado para atender Conselho Tutelar

A Câmara de Vereadores de Londrina, aprovou o projeto de lei 411/2009 do vereador Tito Valle, que cria um número telefônico com chamada gratuita para acionar o Conselho Tutelar em denúncias de agressões físicas e abuso moral e ou sexual contra crianças e adolescentes na cidade.

De acordo com a proposta, o número 125 vai facilitar o acesso ao órgão e possibilitar um raio x mais preciso sobre os crimes cometidos contra crianças e adolescentes no município.

Londrina vem apresentando um avanço significativo no número de crianças e adolescentes vítimas de agressões físicas e abuso moral e ou sexual, destacou Tivo Valle na justificativa do projeto. “Cientes de que a maioria dos casos não são denunciados pela inexistência de um número único no Município, de fácil memorização com acesso gratuito aos interessados, achamos por bem apresentar este projeto”, informa o vereador.

MAPEAMENTO – Valle acredita que a adoção de um número telefônico único, de caráter nacional em Londrina, vai possibilitar ao cidadão o contato e a formulação de denúncias. “Este serviço poderá contribuir para a resolução de muitos casos e para a solução de muitos problemas que atualmente nem aparecem nas estatísticas sobre o assunto”, disse.

O vereador completa afirmando estar convicto de que a iniciativa será um avanço nos trabalhos contra este tipo de crime. “Com esta iniciativa estaremos marchando a passos largos para minimizar e possivelmente promover a inexistência de atos de desumanidade, praticados contra nossas crianças e adolescentes, dentro dos ideais elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”.

Ainda há esperança

Visto como um problema de saúde, as drogas destroem muitas vidas. Mas, em Ibiporã, a Fazenda Esperança através do convívio, espiritualidade e trabalho, ajuda os jovens a enfrentar esta barreira.


Os problemas com álcool e as drogas reduzem em muito a expectativa de vida e as oportunidades de trabalho. Preocupada com isso, uma comunidade religiosa de Guaratinguetá resolveu criar a Fazenda Esperança, que já fora visitada pelo Papa Bento 16 em 2007 e também é conhecida como a “Fazenda das Pedrinhas”.


A história da Fazenda Esperança começa quando Nelson Giovanelli, um paroquiano que participava das reuniões do frei franciscano Hans Stapel na Igreja Nossa Senhora da Glória e queria viver intensamente o evangelho, se aproximou de um grupo de jovens que consumiam e vendiam drogas perto de sua residência, em Guaratinguetá. Nelson conquistou a amizade e confiança deles, até que outro rapaz, Antônio Eleutério, reconhecendo suas fraquezas, pediu ajuda ao novo amigo.


Os companheiros de Antonio notaram algo diferente em sua vida e isso os levou a buscar e ajudar o jovem paroquiano, que lhes propôs viver radicalmente a Palavra de Deus. À noite, combinaram de se se encontrar na igreja ao invés da rua, para trocar experiências vividas no dia-a-dia. A partir daí o grupo sugeriu a Nelson alugar uma casa para viverem juntos, sendo o aluguel e as despesas pagas com trabalhos de limpeza e jardinagem.


Com o reconhecimento da obra, este trabalho de recuperação transformou-se na Fazenda da Esperança, a partir da doação de terras, feita por uma família. Hoje se espalhou pelo mundo, com 68 fazendas nos mais diferenciados paises como México, Alemanha, Guatemala, Paraguai, Argentina, Rússia e em breve na Colômbia.


No Paraná a Fazenda Esperança atua em Toledo e em Ibiporã, esta na qual administrada pelo seminarista João Carlos Simão, vindo de Curitiba. João Carlos nos conta que tudo se baseia na espiritualidade, vivência e trabalho. Funcionando há um ano e meio na cidade, a fazenda conta oito pessoas em processo de recuperação, sendo que há, por conta de um projeto do deputado federal Luiz Carlos Hauly, há expectativa de dobrar o número de vagas através da reforma e ampliação de uma casa localizada na fazenda.


Para ingressar na Fazenda Esperança, o seminarista explica que os interessados devem escrever uma carta pedindo ajuda. Logo é postada a resposta, citando as regras de convivência, a importância do trabalho e a base cristã.


Como parte do processo de recuperação, os moradores cuidam da cozinha, horta e animais como galinhas, porcos, vacas, bois, bezerros e carneiros, além de fazerem pinturas e artesanatos vendidos por familiares e voluntários. Estes últimos são em grande numero e buscam alguma forma de se envolver. “A ajuda da comunidade é imensa, pois vêem o trabalho como uma obra de Deus e se identificam com ela”, diz o seminarista.


Questionado sobre o que pode levar as drogas, João Carlos responde que não há motivos específicos, mas acredita que ela é uma armadilha, independente se a pessoa tem 12 ou 35 anos. Mas, independente da situação, o dependente merece uma chance, podendo se curar. “O trabalho é uma destas ferramentas, mas a mudança de atitude é fundamental para a transformação e recuperação. Há uma luz, uma solução e o principal: há esperança”.


Um dos internos que não perdeu a esperança foi Vanderson Francisco Sena da Ressusseição. Como muitos jovens, por curiosidade, envolveu-se muito cedo com as drogas e neste processo conheceu o álcool, a maconha a cocaína e por fim o crack, este último, quase o levou a morte e à prisão. “Fumei crack para saber a reação, pois via meus amigos em estado de paranóia e agitação. Foi neste dia que me transformei numa pessoa que não era mais fiel aos compromissos e fiz minha família sofrer”. Com a perca do emprego e de um relacionamento amoroso, Vanderson viu os amigos se afastarem e também as forças para lutar contra a dependência química.


Com o estado de saúde do pai se agravando, procurou ajuda na Fazenda das Pedrinhas e em 2004 conseguiu um tratamento. Porém, com um mês, a perca de um irmão, para a bebida, fez com que ele tivesse uma recaída e, com a morte do pai, chegou à conclusão que sozinho não conseguiria se recuperar. “Somente Deus pode me ajudar”, refletia.


No fundo do poço e “apenas com um braço de fora”, ele teve consciência de que seu futuro seria a cadeia, o cemitério ou uma comunidade terapêutica e hoje, sem a presença do pai, reconheceu que deveria abrir seu coração e buscar o tratamento.

Enquete: O que você faz para combater o mosquito da dengue.


Combater a dengue não é uma tarefa fácil. Se não mobilizarmos, a dengue pode voltar a assustar a população. Chuva e calor favorecem o mosquito transmissor e a cidade precisa da ajuda de todos para eliminar e evitar os focos do mosquito. Uma das pessoas que trabalha no combate à dengue é o agente de saúde. Mas e você, o que faz para evitar o mosquito transmissor? Conhece alguém que já teve dengue?


O agente de saúde, quando vai a minha, é muito bem atendido. Esta visita é fundamental no quesito saúde pública. Em Ibiporã, não conheci ninguém que foi picado pelo mosquito transmissor. Sinal que os agentes fazem um bom trabalho, pois eles reviram tudo, desde latinhas a plantas. E, se notamos algo errado na vizinhança, como pneus, fazemos as devidas reclamações, pois isso é um dever de todos. O único problema que vejo, são nas casas onde as pessoas trabalham o dia todo e não tem como o agente verificar o quintal. Deveria haver uma lei para contornar isso. Paulo Romero, motorista de 55 anos e morador do Serraia.


O agente de saúde é fundamental para o controle e combate e prevenção de várias doenças. Cabe a população dar o exemplo de eliminar pneus e possíveis criadouros do mosquito transmissor. Independente se a água parada for suja ou limpa, a pessoa deve tomar as devidas precauções. Eu mesma tive dengue, quando trabalhava no sítio. Por isso digo: a prevenção é um bem que fazemos a nós mesmos. Alaíde Lauriano Silva, dona de casa e moradora da Água da Fartura.


Os agentes sempre vão a minha casa e nunca acharam nada, porque sempre cuido do quintal, com tudo limpo e sem água empossada. Dias atrás vi um homem com um sintoma, mas logo após passar por avaliação e ser medicado, se recuperou e passa bem. Todos devem ter cuidado com a água empossada e se prevenir. Jair Martins, tratorista aposentado de 58 anos e morador do San Rafael.


Não há problemas quanto à visita dos agentes, pois o trabalho é preventivo e feito pela prefeitura. Eles sempre vão uniformizados e contribuem para a saúde. A dengue pode levar à morte e devemos ter cuidado com água parada e plantas. Antonio Trindade, comerciante de 54 anos e morador do Centro.

Sempre que vão a minha casa dou total acesso. Não conheço ninguém que foi picado pelo mosquito da dengue. É algo grave e fatal, dependendo da gravidade. Tomo cuidado com as vasilhas e sempre olho o quintal. Luis Carlos Oliveira, aposentado de 50 anos e morador do Ângelo Maggi.


Esta semana os agentes foram a minha casa. Eles estão de parabéns por sempre se preocuparem. Minha esposa também sempre observa o quintal em busca de possíveis criadouros. Apesar de pequeno, ele faz um estrago danado. Jair Castro de Souza, taxista de 72 anos e morador do Centro.


Atendo bem os agentes e deixo eles verem o quintal. Faz dez anos que estou em Ibiporã e não vi alguém com dengue. Mas, isso é graças ao cuidado de como deixar as garrafas de boca para baixo, evitando focos. Valdemiro de Araújo, taxista de 67 anos e morador do Centro.


Não conheço ninguém que fora picado. Em minha casa não há problemas com o mosquito, pois parte do quintal é toda impermeabilizada. Porém, isso não impede que em outros locais, como na vizinhança, que há um foco do mosquito. Jefferson dos Santos Eduardo, lavador de 16 anos e morador da Vila Ribeiro.


Sigo as normas de não deixar água parada e limpo bem o quintal. Moro na área rural, mas independente se for nela ou na urbana, a água parada é o local ideal para o mosquito da dengue procriar. Paulo Marques, aposentado de 56 anos de São Jerônimo da Serra.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Álbuns Urbanos é destaque na revista do Instituto Brasileiro de Museus

Com a implantação do Instituto Brasileiro de Museus, autarquia federal responsável pela implantação de políticas relativas a museus em todo o país, houve uma profunda mudança na vida cultural brasileira. O Ibram nasce como principal articulador da Política Nacional de Museus, cuja diretriz é a criação de unidades em municípios de pequeno porte, bem como áreas bem menos favorecidas e, com sua implantação, todos os museus do Brasil serão vistos com outros olhos, pois o principal objetivo é formular políticas igualitárias, de aquisição e preservação de acervos e criar ações integradas junto a este órgão.

Ibiporã já sente a diferença, devido à aprovação de um recurso junto ao governo federal para aquisição de equipamentos para o Espaço de Memória, que iniciou o projeto CONTOS E CAUSOS. O mesmo tem o objetivo de registrar em imagens e em edições em DVD, pioneiros relatando histórias. Tudo isso em parceria com a SETI (Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior).

Segundo Julio Dutra, secretário de cultura, os encontros já começaram e, as informações fornecidas pelos pioneiros, que buscam em suas memórias histórias que muitos não sabem, estão sendo um sucesso.

Estas histórias em breve serão exibidas para pequenos grupos no Cine Teatro e até o fim da gestão serão editadas e transformadas em um DVD Book para a apreciação de todos.

Ibiporã também estampou uma página da revista do IBRAM que publicou o Projeto Álbuns Urbanos, iniciado em 2009 com os painéis de fotos que itineraram pelos espaços públicos com os temas União de Pioneiros e depois Os Campeões.

A revista foi enviada para a Fundação Cultural e está disponível para leitura no Espaço de Memória. "A revista leva um pouco de Ibiporã para todos os municípios que possuem um trabalho em prol da memória. É muito importante o que o IBRAM está fazendo, pois há trocas de experiências e Ibiporã ganha visibilidade em todo o país", ressalta Dutra.

Em busca do esporte e de oportunidades, alunos do CAIC descobriram nas aulas de capoeira uma forma de melhorar o desempenho escolar.

Basta um passeio pelo teatro do CAIC ou perguntar a um aluno que participa das atividades extraclasse no contra turno escolar, o que ele acha das aulas de capoeira, para logo se ver um sorriso estampado e o brilho no olhar dessa garotada.


Assim são os alunos da professora Claudeth Abel, de 31 anos e acadêmica de Pedagogia na Facesi. Há 13 anos na capoeira, Claudeth, que mora no Jardim San Rafael, é a única profissional feminina da cidade e como seus alunos, quando criança viu a prática do esporte no centro comunitário de seu bairro e se interessou. Durante a vida aprendeu que a capoeira não é apenas uma luta de defesa e aeróbica, mas algo maior, relacionado aos escravos brasileiros e a luta contra a opressão. “Hoje a capoeira trabalha o lúdico, a coordenação motora ou mesmo o jogo de palavras em suas cantigas. É uma pedagogia, mas com a disciplina do esporte genuinamente brasileiro”, diz a professora.


Com atividades que duram cerca de seis meses, hoje o CAIC mantém em torno de oitenta alunos matriculados. Porém a imensidão deste projeto é maior, sendo que através do apoio da prefeitura de Ibiporã, hoje são mais de setecentas crianças atendidas nos mais diversos bairros, como o San Rafael, DER, Pires de Godoy, Bom Pastor e Santa Paula, sendo a meta dar uma ocupação e mostrar um caminho aos jovens, além da melhoria no rendimento escolar através de um esporte popular e acessível.


Um destes alunos e esportista é Wesley Luis de Oliveira, de 10 anos e morador do Jardim Vila Verde. Além da capoeira ele disputa campeonatos de futebol e ressalta que a atividade é tão divertida que se parece uma brincadeira. Como Wesley, Bruno Alexsandro Guisso, de 11 anos e morador do Azaléia, desenvolveu habilidades e não perde seu tempo na ociosidade, pois aprende algo de importante para o futuro. Outro aluno, Welerson Fernando, de 14 anos, morador da Vila Beatriz afirma que aprendeu diversas coisas com o esporte e convida os amigos a participarem das aulas, para aprender não apenas sobre um esporte, mas sobre a cultura afro-brasileira. E o rendimento escolar? Para Ewerton Vinicius, de 12 anos, morador do Pedro Morelli, é notável que seu rendimento tenha melhorado na disciplina de história, devido o aprendizado sobre os negros.


A professora de 1ª a 4ª série do CAIC, Maria Marlene de Almeida, lecionando no ensino fundamental há mais de 21 anos, comenta que na sua turma são em torno de dez anos que freqüentam com regularidade as atividades de capoeira. Como educadora ela conclui que há uma transformação no modo de pensar dos alunos, no desenvolvimento emocional e físico, onde aprendem regras, além de reforçar a idéia da existência de uma atividade no contra turno escolar que os resgata. “É um projeto que eles gostam de participar por ser algo diferenciado. Acredito que poderia haver maior adesão. Porém, o que impede é à distância a ser percorrida por alguns. Uma alternativa seria a inclusão do ensino integral para contemplar não apenas a capoeira, mas outras atividades de teor educacional. Há escolas em Ibiporã que já adotaram o período integral, trazendo os alunos para dentro da sala de aula e também para fora dela, com atividades, projetos e reforço. A capoeira é muito comentada dentro da sala de aula, tornando-se algo positivo e ressaltando a idéia, entre os alunos, que poderiam existir mais projetos e atividades”, afirma.


Claudeth lembra que um dos requisitos para freqüentar as aulas é o bom rendimento escolar e a freqüência nas aulas. “A estimulação para que tenham boas notas, reflete e influência para se tornarem bons alunos. Para isso, peço para se esforçarem em casa estudando, fazendo tarefas, trabalhos, leituras e atividades que melhorem o desempenho escolar. Na faculdade estuda-se comportamento e dá-se o exemplo da hiperatividade das crianças para descobrir até onde elas podem chegar”. Ela ainda vai mais longe ao concluir que ações como estas não contribuem apenas no rendimento escolar, mas na formação da cidadania, dos valores culturais e por chamar os alunos a virem para a escola, estimulando a presença e sendo um caminho de adaptação para um futuro ensino integral, fator de grande importância no resgate social.


É notório que ultimamente Ibiporã tem se transformado com a implantação de centros de formação na informática, reforço escolar, no esporte e cultura. Muitos pais não têm condições de educar seus filhos, dar suporte e uma visão diferenciada de mundo, devido à jornada de trabalho. Cabe aos professores e a escola ocupar este espaço, tornando-se complementos da família. Os professores, que tem uma visão mais critica da sociedade trabalham o comportamento e a comunicação de alunos que podem estar reprimidos. É neste momento que a cidadania e os projetos de cunho social tornam-se ferramentas para a construção do caráter e de futuros profissionais em diversos segmentos, sendo estes pequenos detalhes ajudam a formar nossos cidadãos.

A arte como preservação da memória

Após os vendavais que atingiram Ibiporã e derrubaram centenas de árvores, alunos do Olavo Bilac utilizam um cedro para preservar a história.


A arte pode ser expressa de várias maneiras a partir da natureza e da criação humana, onde tudo que está em estado natural se transforma. Assim acontece no Colégio Olavo Bilac. As últimas chuvas derrubaram centenas de árvores e causaram imensos prejuízos financeiros, fazendo que um cedro destruísse parte do muro da escola. A árvore, plantada em 1973 por uma ex-aluna em 21 de setembro, homenageando o Dia da Árvore, foi abrigo de uma imensa fauna e flora, tendo ninho de pássaros, variedades de musgos, liquens, além de marcar a infância e adolescência dos que passaram por este colégio. Mas o que fazer com tanta história? Cortar os pedaços de madeira para transformarem em lenha?


Uma iniciativa dos alunos do 3º ano e de alguns professores, mudou completamente o destino do cedro e criou uma oportunidade para o desenvolvimento da escultura a partir da madeira.


De acordo com a professora de biologia, Salete Bortolazi Almeida, o trabalho dos alunos contribui para a valorização da arte e a preservação da história de uma escola e de uma comunidade, pois o cedro, em diversas oportunidades foi usado nas aulas de biologia para exemplificar a riqueza de vida. “A raiz, que seria cortada pela motosserra, mostrou sua beleza e através de pedidos dos professores e alunos, fora poupada e encaminhada a fim de se desenvolver a atividade”. Tamanho é o valor da árvore, que ela será a primeira obra de arte de uma galeria que será montada no colégio e já conta com diversas doações.

Segundo o artista plástico Henrique Aragão, convidado para orientar os alunos, a raiz será limpa e descascada com uma marreta e um formão. Após isso, passará por um processo de lavagem, linchamento, proteção por cupinicida e tratamento com verniz fosco para exibir o aspecto natural da madeira. “Isso é um processo de arte civilizatória. A arte fica, sendo o ser humano lembrado pela sua concepção artística. Com isso, tudo se torna um processo de conhecimento que desperta na mente do individuo formas substanciais que o influenciarão nas suas atividades dali pela frente”.

Para o aluno Humberto Lucas Almeida, membro do grupo, a experiência de participar da arte coletiva é diferenciada e estimula o jogo de equipe. “Aprendemos algo novo e damos valor à história do Bilac, um dos colégios mais afetados pelas chuvas”, ressalta o aluno, um dos inúmeros voluntários que ajudou a recuperar a cidade e a limpar a escola.

Já os alunos João Paulo da Silva e Isabelli Sayri Kono, donos da técnica de desenhar, tanto com as mãos ou no computador, ficaram orgulhos por serem escolhidos para projetar o desenho da árvore na futura galeria de arte do Bilac. E, apesar dos conhecimentos, eles sabem que além de ser fundamental o resgate da história do colégio, a interação com a natureza é algo a ser valorizado pelo homem.

Com um olhar aguçado, fotógrafa mostra imagens que passam desapercebidas.

Um cenário repleto de quadros coloridos, onde cada paisagem mostra um pouco de Ibiporã. Assim pode ser descrita a exposição de fotos “Jardins da Cidade”, idealizada pela escritora e fotógrafa Marilza Ribeiro Longhi.
A exposição “Jardins da Cidade” conta com oitenta fotografias, que retrata a beleza da orquídea, ipê, acácia, margarida, rosa, corda de viola ou do chorão, este último capturado por suas lentes atrás da casa de música, ao fundo da Catedral.
Lançada em homenagem as mulheres, a exposição traz fotos de flores, representando uma das maravilhas da natureza, além de mostrar detalhes de ruas e jardins de Ibiporã, a Terra Bonita. “Como é minha cidade natal, conheço cada canto. Mas, resolvi olhar mais de perto, buscar algo que os moradores ainda não haviam descoberto. Nos jardins, por sobre os muros ou mesmo escondidas sob um arbusto, lá estão elas, as flores. Muito coloridas ou minúsculas, nem sempre notadas. Muitas vezes, a beleza emocionante de suas formas e cores duram apenas algumas horas”, afirma Marilza.
Apaixonada pela arte, como o teatro, a literatura e a fotografia, Marilza, assim que ganhou de presente uma máquina fotográfica importada do Estados Unidos, iniciou um curso onde pôde aperfeiçoar técnicas. “A técnica é fundamental na fotografia, porém devemos buscar a percepção ou um olhar distinto para descobrir algo que possa estar oculto numa imagem”, afirma.
Fotografia é poesia ilustrada e porque não aceitar este convite para revirar nosso interior e trazer à tona valores e sentimentos adormecidos? Isso nos faz pensar e olhar as coisas mais simples de perto.


Sobre a autora/fotografa: Marilza Ribeiro Longhi, bancária há mais de 20 anos, sempre esteve envolvida com a movimentação cultural da cidade, procurando levar para o ambiente de trabalho um pouco de tudo o que acontece nesse âmbito. Já atuou em diversas peças teatrais na Casa de Artes e na Fundação Cultural de Ibiporã. Em 2009, lançou o livro “Retrato de criança”, um apanhado de crônicas autobiográficas narrando a infância vivida na "casa natal", mostrando as peripécias que toda criança deveria viver. Atuando como voluntária, é membro da Pastoral da Comunicação, que produz e leva ao ar o programa dominical “Anunciando Paz”, no ar há 11 anos, e transmitido pela TV Rio. Ali são mostradas as atividades desenvolvidas nas 02 paróquias da cidade.