Em
2019, a aposentada Maria Helena de Oliveira Morais lançou a revista do projeto
cultural “Memória da Mulher Negra Londrinense” em que realizou uma pesquisa
sobre 40 mulheres negras de Londrina que foram importantes para o
desenvolvimento social, cultural e comunitário nas quatro regiões da cidade e
nos distritos, através de perfil biográfico, mesclado à memória do bairro,
região e da própria cidade. A proposta foi contribuir com a memória da cidade
por meio do resgate das histórias de mulheres simples, trabalhadoras, artistas
amadoras e que estiveram fora do foco da história e da mídia ao longo do
desenvolvimento de Londrina.
Nas
próximas semanas ela lança o livro autobiográfico “Minha vida, meu bairro,
minha cidade” com sua trajetória de vida desde a infância em Ourinhos (SP),
passando por cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, além da urbanização
da Zona Norte de Londrina e suas conquistas como mulher, mãe e artista.
Num
país de grande população negra e com grande maioria de mulheres, a importância
dessas duas publicações se dá pela valorização e preservação da memória e
patrimônio imaterial; pela discussão das questões de gênero e o deslocamento da
história e do espaço geográfico para a periferia das cidades. “Nasci em dez de
julho de 1943 em Ourinhos. Sou filha de Horácio de Oliveira (1895 - 1970 - natural
de Xavantes - SP) e Maria de Oliveira (1905 - 1967 - natural de Belo Horizonte -
MG) que eram filhos de escravos. Meus avós maternos são Ana da Silva e João da
Silva (pais de Maria de Oliveira), africanos, da Costa da Mina (atual Benin,
Togo e Gana) e escravos no interior de Minas Gerais. Meus avós paternos são
Sebastião de Oliveira e Rafaela Conceição de Oliveira. Eu era muito miudinha e
foi preciso chamar uma senhora para me amamentar, até mamãe ter o leite. Esta
senhora era descendente de escravos, magra e de uma religiosidade intensa e se
chamava Altina. Contam que um dia mamãe comentou com ela que eu era muito
frágil e temia que eu não crescesse e nem tivesse forças para sobreviver à
aparente fragilidade”, cita Maria Helena.
- Esta
garotinha vai ser a alegria do lar, respondeu dona Altina.” (inicio do livro)
A
proposta patrocinada na modalidade de bolsa pelo PROMIC (Programa de Incentivo
a Cultura de Londrina) além de ser cultural, passa pelos contextos social,
educativo e de defesa da memória da mulher em Londrina e também contribui com a
aplicação da Lei Federal 10.639/03, cultura de matriz africana, além de
registrar o movimento e a importância da luta da mulher negra em Londrina nos
últimos 40 anos. A diagramação do livro é de Marcelo Paes e revisão do jornalista
Aldo Moraes. O livro tem prefácio da professora Divanir Cirino e do poeta e
ator Ronilson Moura. Maria Helena de Oliveira, 76 anos, é a proponente do
projeto.
Youtube:
Facebook: https://www.facebook.com/Memoria-da-mulher-negra-londrinense-257758948418556/?modal=admin_todo_tour
Contatos:
aquitemlivro@bol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário