segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mestre Sivaldo leva a capoeira para as crianças do Assentamento Bela Vista

Criada por escravos africanos da etnia Banto no século 17, a capoeira é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. O reconhecimento se dá pela relevância como manifestação popular expressiva da cultura brasileira. Isto orgulha o mestre Sivaldo Marcio de Almeida, de 40 anos. A capoeira está na sua vida desde os anos 80 e há vinte ensina a arte. “José Alzimar Ferreira Lira, o Mestre Sossego, chegou à cidade nos anos 80, vindo de São Paulo. Eu dançava hip hop e break solo, conheci o esporte e ele me ajudou a desenvolver a dança”, recorda. Vivendo em Londrina, Sivaldo morou em diversos locais de Jataizinho, como na Benjamim Javarina, Carmela Dutra e Paul Pierce Harris (próximo a linha férrea).                                                  
Voluntário no projeto social do Assentamento Bela Vista, na antiga Cerâmica Bela Vista, seu trabalho atinge 40 alunos e funciona as terças, quintas e sábados. De família humilde, ele se identifica com as crianças do assentamento, uma vez que na infância não tinha condições de pagar um curso. Além do esporte, Sivaldo instrui disciplina, educação, religião, além de tirar os adolescentes das ruas e do caminho das drogas. “Isto não é tudo, mas é um grande passo, pois sabem que há pessoas preocupadas com elas. Incentivadas a buscar a religião, respeitar pai, mãe e professores, na rua se comportarão como cidadãos de bem e terão discernimento do que é bom ou ruim, criando novas concepções”, cita. Em contrapartida, se exige o acompanhamento dos pais no projeto e boas notas, além dele ir às escolas conversar com professores e observar o comportamento dos alunos. “A capoeira dá retorno, pois há melhoria na qualidade do aprendizado. Havia alunos problemáticos que atrapalhavam o grupo. Após a capoeira houve transformações na mentalidade. Vejo futuro neles e os aconselho a estudar e ter estrutura familiar, além de amor e carinho. Acolho a todos”, diz.                                   
A capoeira tem por doutrina tradição, respeito, musicalidade por instrumentos, artesanato, inclusão social, disciplina e convívio. Com vasto conhecimento na arte, Sivaldo explica que há várias modalidades de capoeira, como a Angola, Mãe, Regional, Marcial, de Combate e Competição, mas tudo pára no mesmo lugar, onde o berimbau está à frente e o capoeirista deve entender todos os estilos, além de respeitar o jogo.                                      
Quanto a valores, a capoeira é barata e popular, onde o custo está na compra do abadá (uniforme) e instrumentos, confeccionados pelos capoeiristas. O que se exige é o esforço dos mestres em buscar conhecimento por intermédio de workshops. Recentemente ele frequentou cursos no Rio de Janeiro, Londrina e Curitiba. Este último no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) lhe rendeu o certificado que comprova sua atuação no esporte por mais de vinte anos. Na região, apenas Sivaldo e os mestres Guanabara, do Jardim Santo Amaro de Cambé e Índio, de Maringá, obtiveram o reconhecimento que os credenciam a atuar nas escolas públicas.                                                             

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