Quem se lembra dos personagens Tonico e Carniça, o Menino de Asas, Xisto ou da série “O Mistério do Cinco Estrelas”, “O Rapto do Garoto de Ouro”, “Um cadáver ouve rádio”, todos de Marcos Rey e também de alguns livros que mexeram com o imaginário de muitos, como “Aventuras de Xisto”, “O Caso da Borboleta Atíria” ou a “Árvore que dava dinheiro”, do contemporâneo e ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura, Domingos Pelegrini?
Estes são apenas alguns dos livros, personagens e autores da Coleção Vagalume, exemplares de fácil entendimento, linguagem simples e com temas que atraem a atenção do público juvenil quando falam de aventura, fantasia e casos policiais.
A Coleção Vagalume aborda, como no livro “Tonico e Carniça”, por exemplo, mazelas sociais de um Brasil da década de 80, onde as desigualdades sociais e a pobreza eram maiores, levando seus leitores a refletir sobre determinados problemas, como o menor abandonado, a criminalidade ou mesmo acerca do adolescente e seus conflitos no meio social. O exemplo são os livros de Marcos Rey, onde um conflito adolescente real transforma-se numa aventura literária com desfecho, como em “Garra de Campeão”.
Carlos Delfino, funcionário do Centro Cultural e pedagogo, acredita que a leitura, não apenas desta coleção, é uma alternativa contra o mundo violento, além de ser um fator que o desenvolve (leitor) como cidadão que reflete mais sobre as dificuldades, ajudando-o a encontrar melhores soluções. “Mesmo não havendo indicação de professores, a Coleção Vagalume é procurada espontaneamente, mostrando um ser autodidata e com grande poder de reflexão, devido o ato de ler”, afirma o pedagogo.
Delfino cita que a coleção Vagalume atualmente não é a mais procurada devido o aparecimento de outras editoras, coleções e autores, como a coleção “Literatura em minha casa”, que adapta poesias, novelas, teatro e clássicos como Homero, Camões, Monteiro Lobato, transformando-os para o adolescente ler e até se interessar pelo título original. “Infelizmente, uma das coisas que diminui a cada dia é o hábito da leitura. As pessoas lêem cada vez menos, principalmente livros. O hábito da leitura deve começar cedo, desde criança, mas para isso, o ato de ler deve ser interessante, prazeroso. Tanto é, que, independente das coleções serem novas ou antigas, o importante é trazer o estimulo a leitura, através do fácil entendimento, rapidez, poucas páginas e muitas ilustrações, compondo o conjunto letra e imagem. E, por mais que sejam assuntos diferenciados, devem construir na imaginação, seja da criança ou do adolescente, universos distintos que estimulem a percepção e a criatividade. E, não podemos esquecer: apesar de serem coleções voltadas ao público infanto juvenil, em sua essência há sempre um problema social ou conflito, desdobrando-se num contexto moral e de reflexão acerca dos valores humanos”, conclui o pedagogo.
Resenha Tonico e Carniça. O livro é a continuação de Tonico, de José Rezende Filho. A estória retrata a continuação da história de Tonico, um menino órfão de pai, que teve sua vida completamente mudada por causa desse acontecimento. Neste livro, Tonico volta a estudar de manhã, como fazia quando seu pai era vivo e o seu Tio Severino lhe promete uma cadeira de engraxate, onde ele trabalhará junto com seu amigo Carniça. Ele na parte da tarde e Carniça na parte da manhã. Carniça também volta a estudar, esta é a condição imposta por seu tio Severino, sua mãe Zenaide e sua avó Dona Corália para ele trabalhar na cadeira, junto com Tonico. O negócio deles vão indo muito bem até o dia que Carniça é assaltado, enquanto trabalhava. Ele fica tão preocupado e desesperado, que começa a pensar no que a família de Tonico vai dizer, imaginado que fora ele quem roubara a cadeira. A coisa vai indo, os ladrões falam com Carniça que o dinheiro é para a cadeira ser protegida. Carniça desconfia que os ladrões são da favela e o revólver utilizado seja de brinquedo. No último capítulo, Carniça reage ao assalto e é baleado e a estória termina com Carniça internado, mas com Tonico e seu Tio Severino torcendo pela sua recuperação.
Com certeza essa coleção teve sim grande influência em nossa infância,muitas vezes até indiretamente através de comentários dos pais ou professores, histórias que retratam a realidade e que mesmo sendo de alguns anos passados ainda sim podemos fazer uma"ponte" com os dias atuais. Ler deveria ser um hábito, e mesmo que ainda não seja é possível mudar essa situação começando por nós e passando essa atitude para gerações futuras. Gostei muito deste artigo muito interessante, está de Parabéns =D
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