quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tipos de cinema (Parte II)

FILMES MUSICAIS
Chama-se musical o filme em que as seqüências cantadas ou dançadas predominam. Nasceu com o cinema sonoro e se firmou nos Estados Unidos, com imitações em vários países, segundo o modelo dos espetáculos da Broadway. Entre os grandes criadores estiveram os diretores Busby Berkeley, Stanley Donen e Vincente Minnelli, os atores Fred Astaire, Dick Powell e Bing Crosby, as atrizes Ginger Rogers, Betty Grable e Cyd Charisse, o ator e diretor Gene Kelly e o coreógrafo Bob Fosse.

FILMES COMÉDIA
Baseia-se a comédia no enredo e nas situações bem-humoradas e visa sobretudo ao riso. A mímica, que predominou no filme silencioso, cedeu lugar às piadas de duplo sentido que depois consagraram os Irmãos Marx, Stan Laurel e Oliver Hardy ("O Gordo e o Magro"), Red Skelton, Dean Martin e Jerry Lewis e diretores como Frank Capra, Ernst Lubitsch, Leo McCarey, William Wellman, George Cukor, Howard Hawks, Van Dyke, Gregory La Cava, Preston Sturges, Blake Edwards e Frank Tashlin. Na Europa triunfaram as comédias italianas e o francês Jacques Tati. Nos Estados Unidos, destacaram-se o ator Peter Sellers e o ator e diretor Woody Allen, autor de obras-primas como Annie Hall (1977; Noivo neurótico, noiva nervosa), Zelig (1983) e The Purple Rose of Cairo (1985; A rosa púrpura do Cairo).

FILMES POLÍTICOS
A temática política explícita tem sido tratada com freqüência pelo cinema contemporâneo. Foram muitos os especialistas nesse tipo de abordagem, tanto no documentário quanto na dramatização de episódios autênticos. Nas primeiras décadas da história do cinema, seus principais cultores foram os soviéticos, especialmente Eisenstein, autor de O encouraçado Potemkim e Strachka (1924; A greve). Mais tarde, a partir da década de 1960, cineastas italianos dedicaram boa parte de sua carreira às discussões políticas. São importantes nesse gênero Gillo Pontecorvo, autor de Queimada (1969) e Bernardo Bertolucci, com o épico 1900 (1976). O franco-grego Costa-Gravas, autor de Z (1968) e Missing (1982; Desaparecido), e o argentino Fernando Solanas, realizador de La hora de los hornos (1966-1968), têm lugar privilegiado nessa tendência.

DRAMAS SOCIAIS
Os enredos de conotação social estiveram sempre presentes ao longo da evolução do cinema. Merecem destaque títulos como Fury (1936; Fúria), de Fritz Lang, The Grapes of Wrath (1940; As vinhas da ira), de John Ford; Ladri di biciclette (1948) e Umberto D (1951), de Vittorio De Sica, Nous sommes tous des assassins (1952; Somos todos assassinos), de André Cayatte, e I Want to Live (1959; Quero viver), de Robert Wise.

FILMES POLICIAIS E DE GANGSTERISMO
Os argumentos tradicionais do gênero policial envolvem crimes e criminosos, policiais e detetives particulares, gângsteres e ladrões. O tema preferido tem sido o do submundo onde campeia a miséria econômica e moral. O diretor mais célebre desse tipo de filmes foi Alfred Hitchcock, que usou o suspense para criar atmosferas de tensão e medo. Em mais de setenta filmes, ele criou obras magistrais como Vertigo (1958; Um corpo que cai) e Rear Window (1954; Janela indiscreta).
Também obtiveram êxito filmes inspirados nos romances de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, mestres das tramas criminais amargas e violentas. Atores como James Cagney, Humphrey Bogart, Edward G. Robinson e George Raft alcançaram grande notoriedade, sobretudo no período inicial do cinema sonoro. Na longa relação dos clássicos do gênero não poderiam faltar: Underworld (1927; Paixão e sangue), de Josef von Sternberg; City Street (1931; Ruas da cidade), de Rouben Mamoulian, I Am a Fugitive from a Chain Gang (1932; O fugitivo), de Mervyn LeRoy; G-men (1935; Contra o império do crime), de William Keighley; Dead End (1937; Beco sem saída), de William Wyler; Angels with Dirty Faces (1938; Anjos de cara suja), de Michael Curtiz; The Maltese Falcon (1941; Relíquia macabra) e muitos outros em Hollywood. Essencialmente americano, o filme policial também teve bons momentos na França e no Reino Unido.

MELODRAMA
Centrado nas paixões humanas, o melodrama realça o trágico e o dramático e desenvolve conflitos individuais. Nele sobressaíram W. F. Murnau, com Sunrise (1926; Aurora), os austríacos Erich Von Stroheim e Josef von Sternberg, o italiano Luchino Visconti, o americano John M. Stahl, os japoneses Mikio Naruse e Yasujiro Ozu e o francês François Truffaut.

FILMES DE PROPAGANDA
Os filmes de propaganda divulgam idéias sociais e políticas em defesa de determinada ideologia. Os primeiros a usá-los foram os soviéticos. Na Itália fascista e na Alemanha nazista desenvolveu-se a propaganda política de exaltação racista e, depois da segunda guerra mundial, nos Estados Unidos, foram feitos filmes anticomunistas durante o período mais agudo da guerra fria.

FILMES DE ANIMAÇÃO
Os precursores do desenho animado foram os franceses Émile Reynaud e Émile Cohl. O maior impulso veio de Walt Disney e seus seguidores nos Estados Unidos. Entre as principais escolas estão a tcheca, com Jiri Trnka, e a canadense, de Norman McLaren.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Tipos de cinema

DOCUMENTÁRIO OU FILME FACTUAL
O objeto do filme documental é ser o reflexo mais ou menos fiel da vida real. Seus pioneiros foram os irmãos Lumière, com suas tomadas da vida cotidiana, e Charles Pathé, com noticiários. O americano Robert Flaherty foi seu principal cultor, com Nanook of the North (1922; Nanuk, o esquimó). Na antiga União Soviética destacou-se Dziga Vertov, com a "câmara-olho". Também os ingleses foram pioneiros: John Grierson criou importante escola documentarista, mas enquanto enfatizava o caráter propagandístico do filme não-ficcional, outros ingleses, como Raul Rotha e Basil Wright, conceituavam o gênero como uma mensagem não só para a comunidade atual como para a posteridade.
O filme não-ficcional inclui o documentário propriamente dito, o filme factual, o de viagens, o educativo, de treinamento ou didático; os cinejornais ou noticiários em desuso desde o aparecimento dos telejornais e, para alguns, os desenhos animados.
A tradição jornalística dos Estados Unidos consagrou documentaristas como Pare Lorentz e Paul Strand. O holandês Joris Ivens evoluiu desde a realização experimental até a denúncia social. A Alemanha teve em Walther Ruttman e depois em Leni Riefenstahl dois documentaristas de peso. O brasileiro Alberto Cavalcanti, que trabalhou na França e no grupo de Grierson em Londres, foi mais documentarista que ficcionista. Outros brasileiros dedicados ao gênero foram Lima Barreto, Jurandir Passos Noronha, Jorge Iléli, Genil Vasconcelos, Rui Santos e, posteriormente, Vladimir Carvalho.

ÉPICOS E AVENTURAS
O filme épico e de aventuras revela um mundo heróico de conflitos e combates, de grandes cenários, nos quais predomina a ação. Os pioneiros do filme épico foram os italianos, no cinema mudo, que louvaram o passado de seu país, e os soviéticos lhe deram um impulso épico com temas revolucionários. O francês Abel Gance fez um monumental Napoléon (1926). No cinema sonoro, vale lembrar The Private Life of Henry VIII (1933; Os amores de Henrique VIII), de Alexander Korda; Abraham Lincoln (1930), de D. W. Griffith; Cleopatra (1934), de Cecil B. DeMille; Scipione, l'Africano (1937; Cipião o Africano), de Carmine Gallone; e Ivan Grozny (1944-1948; Ivan, o terrível), de Serguei M. Eisenstein.

FILMES DE GUERRA
Em tom patriótico ou crítico, os filmes de guerra apelam à violência como espetáculo. No cinema silencioso, o gênero foi realçado com The Birth of a Nation. As duas guerras mundiais inspiraram muitas produções, das quais são importantes The Big Parade (1925; O grande desfile), de King Vidor; All Quiet on the Western Front (1930; Sem novidade no front), de Lewis Milestone; Story of G. I. Joe (1945; Também somos seres humanos), de William Wellman; e A Walk in the Sun (1946; Um passeio ao sol), de Lewis Milestone. A guerra do Vietnam também inspirou bons filmes nos Estados Unidos, como Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, e Platoon (1986), de Oliver Stone.

FILMES DE TERROR
A fantasia e o medo, despertos por personagens monstruosos ou sobrenaturais, como fantasmas, bruxas, demônios e vampiros, são os sentimentos a que apelam os filmes de terror. O gênero começou com o expressionismo alemão, do qual Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, de Friedrich Wilhelm Murnau, foi o modelo perfeito. Tornaram-se clássicos os filmes feitos em Hollywood na década de 1930, como Drácula, com Bela Lugosi, Frankenstein (1931), com Boris Karloff, e King Kong (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack. Na década de 1940, as produtoras R.K.O. e Universal de Hollywood, e na de 1960 a Hammer britânica, se especializaram no tema. O gênero se tornou mais descritivo e violento e alcançou o auge com séries seguidas de monstros ressuscitados dos cemitérios, como a série Poltergeist, o primeiro deles de Tobe Hooper, filmado em 1982.

FICÇÃO CIENTÍFICA
As viagens interplanetárias, as experiências nucleares e as especulações sobre mundos futuros são os temas da ficção científica, gênero próximo ao terror e ao bélico. Suas obras-primas são 2001: A Space Odyssey (1968; 2001: uma odisséia no espaço) e Star Wars (1977; Guerra nas estrelas), de George Lucas, nas quais os efeitos especiais superam a dramaturgia. Estilo muito pessoal mostrou o russo Andrei Tarkovski em Solaris (1972), mas o maior nome no gênero é o americano Steven Spielberg (E.T., Contatos Imediatos em Terceiro Grau).

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O cinema nas décadas de 1980 a 1990

O impacto do cinema europeu sobre os cineastas americanos e a posterior decadência do sistema de grandes estúdios foram as duas linhas de força que, durante as décadas de 1960 e 1970, fizeram mudar o estilo do cinema americano.
Surgiu uma nova geração de realizadores sob a influência das tendências européias e com o desejo de trabalhar com diferentes distribuidores. Muitos deles realizaram filmes de grande qualidade. Pode-se citar Stanley Kubrick, Woody Allen, Arthur Penn, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese.
Diante da filmografia representada pelos realizadores do cinema de autor e em que pese o fato de ser americano e ligado por vezes à indústria hollywoodiana, o cinema dos Estados Unidos deu seqüência a outras linhas de produção para o consumo de massa, especialmente de crianças e adolescentes. Seus filmes baseiam-se principalmente nos efeitos especiais proporcionados pelas novas tecnologias e que bem se enquadram nos temas escolhidos. Dentro dessa categoria, figuram os filmes de catástrofes, como O destino do Poseidon (1972), de Ronald Neame, e Inferno na torre (1974), de John Guillermin e Irvin Allen; as aventuras de personagens das histórias em quadrinhos, como Superman (1978), de Richard Donner, e Batman (1989), de Tim Burton, com suas intermináveis continuações; ou os filmes de guerra e de ficção científica, como Guerra nas estrelas (1977), de George Lucas. Nesses gêneros comerciais destacou-se Steven Spielberg.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cinema - IV


As experiências com filme colorido haviam começado já em 1906, mas só como curiosidade. Os sistemas experimentados, como o Technicolor de duas cores, foram decepcionantes e fracassaram na tentativa de entusiasmar o público. Mas, por volta de 1933, o Technicolor foi aperfeiçoado com um sistema de três cores comercializável, empregado pela primeira vez no filme Vaidade e beleza (1935), de Rouben Mamoulian. Na década de 1950, o uso da cor generalizou-se tanto que o preto e branco ficou praticamente relegado a pequenos filmes. No pós-guerra, a chegada da televisão colocou um desafio à indústria cinematográfica que ainda hoje permanece. A indústria respondeu com uma oferta de mais espetáculo, que se concretizou no aumento de tamanho das telas.

O FORMATO PANORÂMICO
Em 1953, a Twentieth Century-Fox estreou com seu filme bíblico O manto sagrado, de Henry Koster, um sistema novo denominado CinemaScope, que iniciou a revolução dos formatos panorâmicos que, em geral, usavam apenas uma câmera, um único projetor e um filme padrão de 35 milímetros, adaptando-se mais facilmente a todos os sistemas.

CINEMA EM TERCEIRA DIMENÇÃO
Durante um breve período, no início da década de 1950, uma novidade conhecida como 3D apareceu no mercado. Consistia na superposição de duas imagens distintas da mesma cena, cada uma tomada com um filtro de cor diferente e de um ângulo ligeiramente diferente. Essas cenas eram vistas através de óculos especiais, em que cada lente tinha um filtro colorido na cor equivalente à usada durante a filmagem, de forma a reproduzir a visão estereoscópica e dar impressão de relevo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cinema III - História

A história do cinema é curta se comparada à de outras artes, mas em seu primeiro centenário, comemorado em 1995, já produzira várias obras-primas. Entre os inventos precursores do cinema cabe citar as sombras chinesas, silhuetas projetadas sobre uma parede ou tela, surgidas na China cinco mil anos antes de Cristo e difundidas em Java e na Índia. Outra antecessora foi a lanterna mágica, caixa dotada de uma fonte de luz e lentes que enviava a uma tela imagens ampliadas, inventada pelo alemão Athanasius Kircher no século XVII.

A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph-Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista.

Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio.

Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouvriers de l'usine Lumière (A saída dos operários da fábrica Lumière) e L'Arrivée d'un train en gare (Chegada de um trem à estação), breves testemunhos da vida cotidiana.

A história do cinema nos mostra que o modelo de linguagem narrativo clássico instituído por Griffith, predominou no decorrer da evolução da produção cinematográfica. Um cinema com estrutura narrativa linear e naturalista, demonstrando respeito pela imagem captada pela câmera. No entanto, desde os primórdios, o cinema também se preocupou em desenvolver gêneros a partir dos quais pudesse expressar suas várias possibilidades de linguagem. Assim, ao lado dos irmãos Lumière, produtores de filmes com estruturas narrativas relativamente simples, temos Georges Méliès que, fascinado pela então nova tecnologia, transforma seus filmes em verdadeiras experiências de linguagem usando efeitos de imagem como substituição de objetos a partir de interrupções da câmera ou sobre-impressão feita com a própria câmera, os chamados trick effects. O objetivo é sempre o de criar uma ilusão próxima à idéia da magia. Méliès adapta seu conhecimento de teatro ao cinema. Ele constrói cenários para seus filmes, de forma a nos dar a sensação de multicamadas e de profundidade de campo no mesmo plano, o corte evidenciando a continuidade temporal e a manutenção do mesmo espaço.

Se para alguns teóricos, dentre os quais destacamos André Bazin, o cinema deveria exprimir a realidade do mundo registrando a espacialidade dos objetos e o espaço que eles ocupam, sem uso de artifícios e respeitando sua unidade; para outros teóricos como S. M. Eisenstein, por exemplo, o cinema está baseado na montagem, que surge como necessidade ideológica uma vez que organiza os códigos para transformá-los em um meio de expressão cinematográfica. Dessa maneira, aquele cinema baseado na simples ação dá lugar a um cinema de idéias.
Nessa perspectiva, é na montagem que encontramos a imagem do tempo uma vez que, o tempo cinematográfico sendo uma representação indireta, depende da organização das imagens e sons para que ele se constitua. Entre 1909 e 1912, todos os aspectos da nascente indústria ficaram sob o domínio de um truste americano, a Motion Pictures Patents Company.

O grupo dissolveu-se em 1912, permitindo assim que os produtores independentes pudessem formar suas próprias empresas de distribuição e exibição. Em 1926, a produtora Warner Brothers lançou o primeiro sistema sonoro eficaz, conhecido como Vitaphone, e, em 1927, produziu O cantor de jazz, de Alan Crosland, protagonizado por Al Jolson. Em 1931, surgiu o sistema Movietone, que passou a ser adotado como padrão. A transição do cinema mudo para o sonoro foi tão rápida que muitos dos lançamentos distribuídos entre 1928 e 1929, que tinham começado seu processo de produção como filmes mudos, foram sonorizados depois para adequar-se a uma demanda crescente.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Cinema - II

Para promover a comercialização dos filmes organizam-se mostras e festivais nacionais e internacionais, nos quais são apresentados os filmes mais recentes ou se fazem retrospectivas de épocas e de realizadores; é o caso de Veneza (o primeiro de amplitude mundial), Cannes, Berlim, Rio de Janeiro e Gramado RS. Os prêmios são conferidos, por categorias, a atores, diretores e demais integrantes da equipe técnica. O mais importante prêmio do cinema é o Oscar, outorgado anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que constitui um incentivo à indústria e ao comércio do cinema.

Da mesma forma como evoluíram as técnicas cinematográficas, desde os processos de filmagem até os de projeção e reprodução sonora, também ampliou-se o número dos centros de produção. Os países menos desenvolvidos, embora com menos recursos que os grandes centros da cinematografia mundial, entraram na competição e nela se sustentaram até meados da década de 1980, quando a recessão econômica mundial, decorrente da crise do petróleo da década anterior, manifestou-se em toda sua plenitude. Poucos anos depois, até mesmo franceses, italianos, ingleses e alemães mergulharam na crise do mercado cinematográfico e os americanos voltaram a dominar as praças de todo o mundo.

Na última década do século XX, após anos de crise, fechamento de casas exibidoras e produção voltada apenas para filmes de efeitos especiais ou dirigidos ao público infanto-juvenil, Hollywood passou a aplicar capital em refilmagens melhoradas de clássicos de outros gêneros, como o melodrama, a comédia romântica, o western, o horror sofisticado, a comédia disparatada e o policial. As rendas milionárias reanimaram os produtores, mas o custo desse renascimento foi o virtual desaparecimento das cinematografias dos países pobres.
Dentre os aperfeiçoamentos técnicos que durante certos períodos pareceram inovar a arte cinematográfica, alguns caíram em desuso. Entre eles se encontra o Cinemascope, inventado pelo francês Henri-Chrétien, que permitia comprimir a imagem ao filmar com uma lente anamórfica e restabelecer a imagem original na projeção mediante outra lente. Também foi abandonado o Cinerama, que abrangia toda a franja de visão do olho humano ao filmar com três câmaras, registrando cada uma um terço da cena, e projetar também em três segmentos numa tela côncava, dando ilusão de tridimensionalidade.
Quando Orson Welles realiza Cidadão Kane (Citizen Kane - 1940) e, logo a seguir, surgem os filmes do neo-realismo italiano no período do pós-guerra, já se elaborava importante alteração na tradição narrativa e de representação Griffthiana em favor de um percurso que, pode-se dizer, vai do naturalismo ao realismo. Em Orson Welles temos a mistura de estilos diferentes (do jornalístico-documental ao expressionismo), a noção de fragmento (o filme constituído por blocos narrativos e seqüências independentes), a preocupação em registrar o tempo interior da ação em sua integridade (plano-sequência), o desenrolar de duas ações diferentes no mesmo plano (profundidade de campo), a narrativa em espiral fechando-se num círculo em oposição à linearidade teleológica de causa-efeito.

Com as novas tecnologias, ampliam-se os recursos para se praticar e desenvolver essas novas formas de realismo, ou, se quisermos, de realidades. O tempo cinematográfico rompe definitivamente seus laços com a noção de continuidade temporal.

sábado, 1 de novembro de 2008

O Cinema

Em seus primórdios, o cinema era um reflexo da realidade, como nos documentários dos irmãos Lumière, mas a partir das fantasias de Méliès passou a ser valorizado como uma verdadeira arte, com seus próprios recursos expressivos. O cinema é um meio de comunicação de massa, uma arte coletiva, concebida como espetáculo que pode incitar à reflexão e ao mesmo tempo divertir. Assistir a um filme supõe isolar-se da vida cotidiana a fim de participar dos sentimentos e emoções que a película provoca, sendo freqüente a interrelação entre o espectador e personagens

O trabalho no cinema combina tempo e espaço, de maneira diversa à de todas as outras artes, que utilizam ou o espaço (escultura) ou o tempo (música) para obter um ritmo narrativo. Cada imagem supõe uma composição plástica e mostra, em duas dimensões, um mundo tridimensional. O fotograma, menor unidade de expressão cinematográfica, é o fragmento de uma obra de arte, levando-se em conta sua composição, proporções, distribuição de pessoas e objetos, contrastes de claro e escuro e combinações de cor. Com o elemento temporal, o filme adquire um significado subjetivo, fazendo com que o tempo de projeção não coincida com o tempo narrativo. O autor escolhe os momentos mais significativos e dispensa as cenas sem valor. Isso o leva a dilatar ou acelerar o tempo, segundo suas conveniências. O tempo se relaciona com o ritmo narrativo: em cenas de grande tensão o ritmo se acelera, em cenas de relaxamento ele se detém. Recursos próprios da literatura (palavras), do teatro (cenografia), da fotografia (imagem, luz), das artes plásticas (decorações, composições) são utilizados pela estética cinematográfica, que se vale, para isso, de recursos como os movimentos de câmara e a tomada de diferentes planos enquanto se roda o filme.
A unidade básica de um filme é o plano, tomada feita pela câmara de uma só vez, sem interrupção. Graças à montagem, diferentes planos podem dar-nos uma visão completa de um objeto. Cada plano cumpre uma função expressiva: os gerais descrevem o ambiente onde transcorre a ação e os próximos realçam os sentimentos e emoções dos personagens, concentrando a atenção do espectador. Com esse objetivo, os planos se classificam também em fixos e móveis, estes ligados aos movimentos da câmara, fator primordial de subjetividade.

As primeiras exibições cinematográficas ocorreram em cafés e feiras. Apareceram nos Estados Unidos as salas chamadas de nickelodeons, porque o preço dos ingressos era uma moeda de cinco cents, ou níquel. As salas comerciais em geral pertencem a grandes companhias exibidoras que, nos últimos anos, dada a redução de público, vêm preferindo reunir várias salas pequenas num só local, como ocorre nos shopping centers.

Existem também salas de projeção especializadas em filmes que, por sua temática ou técnicas, se destinam a um público menor. São os chamados cinemas de arte. Há ainda salas que pertencem a cine-clubes e exibem filmes para platéias especiais ou agrupamento de aficcionados, que combinam a projeção com palestras e debates. Este último modelo se encontra, em geral, ligado a cinematecas, entidades que colecionam, conservam, restauram e exibem os filmes que marcaram a história do cinema e a evolução estética.